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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vícios comuns de paternidade de produto


O pai cria o filho, desde a concepção até a maturidade. Um forte laço é criado entre os dois, e alguns vícios podem ser desenvolvidos. Não estou falando de relações familiares. O assunto em questão é sobre a relação empreendedor-produto. Quando estamos no dia-a-dia da criação de algo, é impossível não ter concepções enviesadas do produto. E, curiosamente - por experiência própria - este sentimento ocorre não somente na construção de um novo negócio como empreendedor, mas também no trabalho como funcionário de uma empresa.

Assim, listo abaixo alguns sintomas da "mazela" da paternidade de produto, e consequências disto:

  • Quem despendeu horas e horas na concepção de um produto, costuma supervalorizá-lo. Isto pode ofuscar a tarefa de precificação. Imagine gastar 1.000 horas construindo algo que nunca foi feito, quebrando barreiras de implementação e superando as próprias limitações do construtor. Pode ser que, para o construtor, cada peça a ser vendida deveria custar R$ 100,00. Para o mercado, o valor mais adequado poderia ser R$ 0,99. Alguns estudos já mostraram este fato. Você conseguiria lidar com o sentimento?
  • Em um processo de desenvolvimento cauteloso, cada detalhe do produto é pensado. Existe um racional para toda decisão tomada. Considerando que, supostamente, tomamos sempre as melhores decisões, dentro das condições do momento, pode ser difícil mudar características do produto. O construtor vai receber feedbacks, e sem dúvida, precisará revisar muitas coisas. É preciso desapego;
  • Da mesma forma, desapego total pode causar problemas. Todo feedback é válido, mas nem todo feedback gera alteração no produto. Se o cliente tivesse realmente sempre a razão, como diz o ditado, o mercado estaria inundado de produtos esquisitos. As pessoas podem opinar sobre qualquer coisa, se convocadas, mas o especialista no produto tem que saber filtrar os feedbacks. É preferível entender algo sobre Pesquisa, ou ter alguém na equipe que conheça a disciplina;
  • E, por fim, um dos mais sérios: ao conhecer todos os detalhes do produto, fraquezas e qualidades, pode-se gerar uma espécie de comportamento extremo. Nenhum produto é perfeito. A visão não pode ser de extrema simplificação (ou redução do valor), por se conhecer as fraquezas; como também não pode ser de supervalorização, por achá-lo impecável. É diferente do problema de supervalorização por tempo de trabalho citado no primeiro item.
O que fazer? Uma opinião de profissional do mesmo segmento, que não tenha trabalhado na concepção, pode ajudar. Diferente da opinião de um cliente, é a opinião de um semelhante. O que ele teria feito diferente? Quais decisões dele seriam iguais?

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