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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Quanto vale uma ideia?


Uma ideia não vale nada. Exatamente zero reais. Já pensou em quantas ideais boas você teve hoje? Talvez não conseguimos notar, pois as ideias pingam na cabeça e fogem. Quem não anota, não lembra. Mas o fato de anotar uma "grande" ideia não muda seu valor: zero reais.

Desenvolvi desprezo por ideias e por idealizadores. Quando uma conversa começa com algo do tipo: "tive uma ideia que será um grande sucesso", já sei três coisas:

  1. O falante é incapaz de desenvolver a ideia, tanto do ponto de vista técnico, quanto do ponto de vista de negócios, ou gerencial. Se realmente pudesse torná-la real, provavelmente não comentaria tanto por aí;
  2. O falante quer recrutar o ouvinte para concretizar sua ideia, propondo uma sociedade com divisão injusta, simplesmente por acreditar no grande valor da paternidade da ideia;
  3. Quando (1) acontece, geralmente o falante também não tem a perseverança e garra necessárias para tocar a ideia adiante.
Outro ponto importante: uma ideia NUNCA é original. Certamente, alguém já pensou nisso, e muito provavelmente, já foi até concretizada. A Internet é a ferramenta para se descobrir isto. E é incrível a quantidade de pessoas que têm ideias "revolucionárias" e nem se deram ao trabalho de uma pesquisa rápida para ver se já existe algum produto ou serviço semelhante.

O grande porém está na transformação da ideia em produto ou serviço. E, neste passo, entram duas áreas críticas: desenvolvimento e distribuição (+ divulgação). Subtraia estes dois pontos, novamente tem-se somente a ideia, sem valor.

O primeiro passo para agregar valor à ideia é a realização de um diagrama ou esquema mais técnico do produto ou serviço, e uma versão inicial de um plano de negócios. Não acredito que o plano de negócios deva ser tão completo quanto os modelos que encontramos por aí, com projeções de 5 anos de receitas... Mas pelo menos deve instigar a pensar no modelo de negócios, em concorrentes, precificação e estratégia de marketing e divulgação.

E, por fim, é "só" desenvolver o produto/serviço conforme especificado no plano de negócios, reagir aos feedbacks e fazer os testes e ajustes necessários. Uma ideia não vale nada. O que realmente tem valor são as pessoas e suas capacidades e motivação.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Dica técnica: e-mail gratuito para domínios customizados


Fiquei decepcionado quando o Google encerrou a versão grátis de App for Business. A minha grande necessidade era usar um excelente serviço de e-mail como o Gmail em um domínio próprio. Não acho o valor mensal de US$ 5,00 por usuário abusivo, muito menos os US$ 2,91 cobrados do Yahoo para o mesmo serviço. A qualidade é indiscutível, mas - uma vez que temos o mesmo serviço gratuito - é tentador não pagar.

No meu caso, a necessidade era unicamente usar um serviço de e-mail, e não estava interessado nos outros produtos do pacote App for Business (agenda, documentos, etc). Isto pois toda a equipe já está acostumada a usar estes produtos em suas contas pessoais, apenas criando agendas apartadas para compromissos pessoas e profissionais, pastas com acesso restrito no Google Drive, etc.

Por sorte, a Microsoft ainda mantém um serviço semelhante, onde é possível usar o Outlook (bem como outras aplicações, tipo Messenger), em um domínio próprio. A configuração é muito simples, pelo site http://domains.live.com/. Basta seguir as instruções para ajustar as entradas MX e TXT do domínio, e em menos de uma hora (geralmente), já está tudo no ar.

Uma boa redução de custo e esforço para se ter um serviço de e-mail de excelente qualidade como o Outlook.

#ficaadica

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Afogando-se no mar do desenvolvimento do produto


Estou há 11 meses no desenvolvimento de um produto, o Conhece.me. Este não é o único produto que estou produzindo no momento. Também estou construindo o 15 Fit, há 8 meses. São dois projetos grandes, onde precisamos - com uma equipe reduzida - cuidar de tudo: codificação, design, aspectos legais e financeiros (termos, contratos, faturamento), produção de conteúdo, marketing e divulgação (incluindo redes sociais). Estes são os aspectos de concepção.

Por outro lado, também é preciso priorizar funcionalidades, fatiar o produto em piloto, versão 1, versão 2, etc..., bem como encontrar e testar modelos de negócios para cada produto.

Essa infinidade de subprodutos auxilia na criação de um ambiente caótico. Por isso, é necessário ter onde recorrer quando se sentir perdido. Ter uma lista clara de pendências, devidamente priorizadas e com uma data prevista de entrega, ajuda a ver a luz no final do túnel, o lançamento do projeto.

Independentemente disto, muito tempo em um projeto gera um sentimento curioso. O projeto é parte do seu dia-a-dia, por muito tempo. A visão que se tem dele depois de um tempo, quando comparada à visão do momento da idealização, é completamente diferente. É como usar intensamente um produto por muito tempo. Há um desejo de inserir novas funcionalidades, mas não para agradar aos clientes, que nem iniciaram o uso do produto, mas a si mesmo, que quer ver novidades.

Não se pode cair nesta armadilha, para não criar um projeto interminável. E, em equipes menores ou startups, é importante persistir no escopo e ter a disciplina de entregar o projeto como concebido, mesmo que necessário passar anos trabalhando no problema. Não é fácil trabalhar com projetos de médio prazo. Nunca deixe de lado o mapa do tesouro onde está marcado o ponto final, e consulte-o sempre que se sentir afogando-se no mar do desenvolvimento do produto.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Cobranças, metas, desafios...


Um dos grandes desafios que tenho percebido durante a criação de uma nova empresa e de novos produtos é a cobrança por resultados. Esta cobrança vem tanto de outros, como do próprio empreendedor. Acredito que a "autocobrança" é a pior de todas.

É impossível dissociar-se do sentimento de apego da paternidade do produto, como falei em uma postagem anterior. Da mesma forma, acreditar que tem-se um grande produto em mãos também gera uma grande cobrança por resultados.

Muito complicado é separar ficção da realidade. Hoje ouvimos a palavra empreendedorismo tantas vezes, em livros, na televisão, na Internet... lemos casos de sucesso de grandes pessoas com produtos fantásticos. Somos levados a acreditar que existe essa fórmula padrão e mágica para o sucesso: uma grande ideia, muito suor e trabalho, quebrar paradigmas, lançar o produto e aguardar a grana e fama chegarem.

Infelizmente, não somos como nossos heróis do empreendedorismo. Esqueceram de adicionar o contexto à fórmula, e também as coincidências e eventualidades, que se não tivessem ocorrido, não teriam gerado as condições para o sucesso dos nossos heróis.

Sabendo disso, e somando-se à alta probabilidade de fracasso de um produto inovador, a cobrança torna-se uma frustração. "Se tenho um grande produto, porque fracasso?". Mais ainda, acredito numa filosofia nova: Fail fast, Succeed Faster, que nada mais é a aplicação da metodologia de tentativa e erro. Não estou falando do livro, é mais balela, pelo título você já entendeu a ideia. Sendo assim, provavelmente o fluxo de desenvolvimento de um produto terá diversos pequenos fracassos, hipóteses incorretas...

Minha sugestão? Relaxar e aproveitar a viagem! Erros serão parte do processo.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vícios comuns de paternidade de produto


O pai cria o filho, desde a concepção até a maturidade. Um forte laço é criado entre os dois, e alguns vícios podem ser desenvolvidos. Não estou falando de relações familiares. O assunto em questão é sobre a relação empreendedor-produto. Quando estamos no dia-a-dia da criação de algo, é impossível não ter concepções enviesadas do produto. E, curiosamente - por experiência própria - este sentimento ocorre não somente na construção de um novo negócio como empreendedor, mas também no trabalho como funcionário de uma empresa.

Assim, listo abaixo alguns sintomas da "mazela" da paternidade de produto, e consequências disto:

  • Quem despendeu horas e horas na concepção de um produto, costuma supervalorizá-lo. Isto pode ofuscar a tarefa de precificação. Imagine gastar 1.000 horas construindo algo que nunca foi feito, quebrando barreiras de implementação e superando as próprias limitações do construtor. Pode ser que, para o construtor, cada peça a ser vendida deveria custar R$ 100,00. Para o mercado, o valor mais adequado poderia ser R$ 0,99. Alguns estudos já mostraram este fato. Você conseguiria lidar com o sentimento?
  • Em um processo de desenvolvimento cauteloso, cada detalhe do produto é pensado. Existe um racional para toda decisão tomada. Considerando que, supostamente, tomamos sempre as melhores decisões, dentro das condições do momento, pode ser difícil mudar características do produto. O construtor vai receber feedbacks, e sem dúvida, precisará revisar muitas coisas. É preciso desapego;
  • Da mesma forma, desapego total pode causar problemas. Todo feedback é válido, mas nem todo feedback gera alteração no produto. Se o cliente tivesse realmente sempre a razão, como diz o ditado, o mercado estaria inundado de produtos esquisitos. As pessoas podem opinar sobre qualquer coisa, se convocadas, mas o especialista no produto tem que saber filtrar os feedbacks. É preferível entender algo sobre Pesquisa, ou ter alguém na equipe que conheça a disciplina;
  • E, por fim, um dos mais sérios: ao conhecer todos os detalhes do produto, fraquezas e qualidades, pode-se gerar uma espécie de comportamento extremo. Nenhum produto é perfeito. A visão não pode ser de extrema simplificação (ou redução do valor), por se conhecer as fraquezas; como também não pode ser de supervalorização, por achá-lo impecável. É diferente do problema de supervalorização por tempo de trabalho citado no primeiro item.
O que fazer? Uma opinião de profissional do mesmo segmento, que não tenha trabalhado na concepção, pode ajudar. Diferente da opinião de um cliente, é a opinião de um semelhante. O que ele teria feito diferente? Quais decisões dele seriam iguais?

terça-feira, 18 de junho de 2013

O que o empreendedor brasileiro tem a reclamar


Hoje é fácil começar uma empresa. O Microempreendedor Individual (MEI), pode formalizar-se digitalmente. Vai ter uma ou outra chateação na hora de tirar a Senha Web da Prefeitura para emitir notas fiscais. Por chateação, leia-se: um site do governo com péssima usabilidade e informação desencontrada, que levará ao preenchimento errado de um formulário, que deverá ser entregue na Prefeitura. Retrabalho e alguma perda de tempo, mas nada muito grave.

A Microempresa (ME), já um pouco maior, com sócios, pode ser aberta no SIMPLES Nacional. Foi uma ótima iniciativa, um pagamento de tributo único, geralmente menos do que 7% para uma empresa com baixo faturamento, dependendo da operação. E o governo fica responsável pela distribuição deste valor entre ISS, PIS/Cofins, e demais. Muito Marketing foi feito sobre o SIMPLES Nacional, e como está "fácil" gerenciar uma empresa atualmente. O SIMPLES realmente ajuda, mas só trata de uma parte da complexidade.

Veja alguns empecilhos burocráticos, tributários e afins, quando se tem, por exemplo, uma empresa de tecnologia. São só poucos exemplos. Com certeza, o leitor do blog que tem empresa saberá de muitos outros.
  1. "Tive uma ideia genial de aplicativo iPhone, vai vender muito na AppStore". Prepare-se para altíssimos encargos financeiros, desde taxas bancárias para transferências internacionais - pois você está vendendo no exterior, ou mesmo para repatriar o dinheiro se for depositado em uma conta fora do país. No mínimo, consulte, um especialista para ajudá-lo a pagar os impostos corretamente. Seu custo aumenta, e o negócio se torna menos interessante;
  2. Bitributação: é uma das possibilidade das menos agradáveis. Se pagar impostos altos incomoda o brasileiro, pagar duas vezes é o receio do empreendedor. O ponto, em especial, é o ISS, o Imposto sobre Serviços do município. Se você presta serviço na mesma cidade onde está a sede da empresa, não haverá problemas, mas se o serviço é prestado em outra cidade ou para clientes de outras cidades, começa a confusão. A norma não está clara, e os dois municípios envolvidos na história querem receber ISS. Estude para não pagar errado, ou duas vezes (em cada cidade). É um tema complexo, e existem processos de empresas correndo na Justiça contra a bitributação do ISS;
  3. Alvará de funcionamento. É muito fácil abrir a empresa, mas extremamente complexo tirar o alvará de funcionamento da Prefeitura. As empresas que atendem público, recebem o cliente, estão mais sujeitas à fiscalização. Tirar o alvará seria totalmente válido, pois seu estabelecimento estaria adequado, em termos de segurança contra incêndios e acessibilidade, por exemplo. Por outro lado, "existem boatos" de corrupção de fiscais e pagamento de propina para regularização do alvará. É a briga de se operar corretamente a empresa, em um meio não tão correto... Se você não conhece nenhuma história de pepino para tirar o alvará, olhe para a pessoa ao lado, pois ela provavelmente sabe de alguma.

Vale ou não levantar uma placa de protesto, defendendo melhores condições para pequenas empresas? Você teve algum empecilho burocrático, fiscal, etc? Compartilhe nos comentários.

sábado, 15 de junho de 2013

"É rapidinho, coisa simples..." - Crônicas de TI


"É um programa simples, só com duas telinhas...". De um lado da mesa, uma equipe de TI e do outro, o cliente, provavelmente de uma área de negócios. Quando a conversa inicia-se desta forma, você já consegue identificá-lo e categorizá-lo: cliente-simplificação. Especificamente, este tipo de cliente, tem como características:
  1. Começar a conversa já com uma interação desenhada na mente. O cliente imaginou "duas telinhas". Provavelmente, não tem a expertise de construir a experiência do usuário, como você ou sua equipe devem (e deveriam) ter. Talvez não sejam "duas telinhas", e você vai ter que desconstruir a imagem que ele concebeu. Tenha jogo de cintura e prove que você tem a expertise para "desenhar telas";
  2. "Sisteminha", "telinha", "programa simplesinho". Note o uso de diminutivos. Temos duas possibilidades: desconhecimento extremo do custo do desenvolvimento ou exatamente o oposto. O primeiro caso, é o mais grave. O cliente olha para software com uma visão simplista: "O Google, ah, é só uma paginazinha com um campo de busca e dois botões". Resultado: ele subvalorizará o trabalho (em tempo, esforço e custo!). Já o segundo caso, o uso do diminutivo é porque o cliente sabe o esforço, e quis suavizar para que o desenvolvedor não responda com 1.000 horas de programa para tal. Neste último caso, menos mal. Valorize o produto, cobre o valor certo, demonstre o esforço. Não diminua a categoria.
  3. Não vai ser tão fácil estabelecer uma parceria para construção do produto, sem o cliente só enxergá-lo como operacional, como concretizador da sua ideia. Você também não pode se colocar neste papel. Seja crítico, aponte as melhores soluções técnicas. Defenda o usuário final, que é o mais importante.
Na linha humorística e exagerada, o blog do DiVasca trata do cliente-simplificação e também do cliente-que-não-sabe-o-que-quer, mas este último é um caso a parte.